Pequenos grupos também podem construir narrativas mais inclusivas a partir das suas ações
Posicionamento é narrativa. A sua e a nossa. E não dá pra negar que “a narrativa” ou o domínio dela é um instrumento muito importante para a construção de um cenário – seja no presente, no passado ou no futuro -. Expressa em formatos diversos, seu domínio, não faz jus somente a fatos históricos, mas, também sobre como o que acontece e aconteceu será compreendido por quem a vê e a escuta.
Ponto de disputa constante, a narrativa sempre ganha força a partir das classes financeira e culturalmente dominantes, quesitos que ajudam a impulsionar e a divulgar suas ideias. Imagine o quão complexo era questionar ou ampliar uma informação quando tudo era concentrado em poucos espaços e nos quais você precisava de muito dinheiro para escrever, gravar ou falar algo?
Hoje, esse processo já não é tão concentrado, a TV não é mais a primeira tela das pessoas, os jornais não são a única fonte de informação, o celular se tornou o principal meio de informação de grande parte da população e isso altera completamente a forma como as histórias são desenvolvidas. E quando falamos sobre narrativas, isso extrapola a informação quente, afinal, uma mentira contada várias vezes, pode se tornar uma verdade, e isso influencia na educação da sociedade, ultrapassando as salas de aula e chegando a todos, o tempo todo, nos meios de comunicação tradicionais e também pelas redes sociais, programas de TV, filmes e tantas outras formas de conteúdo.
No entanto, toda essa nova gama de possibilidades, não significa uma horizontalização da narrativa, mas, ao menos, abre a possibilidade para que pequenos núcleos possam transformar e mudar esse contexto.
Se posicionar com clareza e objetividade é essencial
Pessoas, pequenas empresas de comunicação, pequenos núcleos criativos, precisam compreender que, apesar da informação que criam não ser massiva, todos têm o seu papel na construção de narrativas condizentes com a realidade em que vivemos.
Na Substrato., buscamos sempre manter nossos posicionamentos coletivos em evidência, para que as pessoas que fazem parte da equipe saibam para onde queremos ir e que mensagem queremos passar. Isso não se aplica só ao conteúdo que criamos, mas ao comportamento que temos no momento de contratar, na preocupação de encontrar e criar oportunidades para pessoas diversas, na realização de ações que deixem o que a gente acredita – todas as pessoas que formam esse espaço – sempre em evidência.
Nos posicionamos falando e também sem precisar falar. Quando chegamos em um lugar com uma equipe composta por maioria LGBTQIAP+, com pessoas pretas, mulheres, estimulamos um debate e uma percepção diferente. E pra nós, é aí que mora a oportunidade de gerar impacto: ampliando reflexões de forma local, que é até onde nossos braços alcançam.
Ter um posicionamento claro sobre a defesa dos direitos humanos, representatividade, contra o racismo, contra as violências de gênero, contra a fome, não deve ser um tabu. E quanto mais claro for essa posição, mais conversas irão surgir, mais perguntas serão levantadas e mais pessoas irão participar da construção de uma narrativa ampla, que chega mais longe e abarca mais gente.
Tudo isso, infelizmente, não significa o fim da narrativa hegemônica, mas, pelo menos, o aglutinamento de pessoas criativas, capazes de questionar, mostrar e agir com o objetivo de gerar mudança. O primeiro passo para que mais pessoas sejam incluídas nos espaços em que vivemos, trabalhamos e convivemos.
No fim das contas, a soma entre o conteúdo e a ação de cada um desses grupos, gera impacto, chega em mais gente, e amplia o processo de mudança, e é isso que cada um de nós pode fazer.
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